10 de novembro de 2007

O fim do desenvolvimento próprio?

Na coluna passada analisamos até que ponto as empresas estão substituindo seus próprios sistemas e equipes próprias de desenvolvimento por softwares comprados no mercado.

Existe uma enorme tensão na linha desta tendência. Os dados publicados na edição de julho de 2000 do nosso relatório BRASIL Software mostram que, de forma geral, o desenvolvimento próprio vem sendo efetuado por um número decrescente de profissionais. Esta diminuição se verifica tanto no número absoluto de profissionais de desenvolvimento em atividade nas empresas, quanto em termos percentuais: se comparados com o número total de profissionais de informática nas empresas, os profissionais de desenvolvimento representam hoje um percentual menor do que há um ano atrás.

A Figura 1 exibe a proporção entre os desenvolvedores e os profissionais de informática, em cada um dos setores da economia onde foram identificadas equipes de desenvolvimento.


Seria de supor que o setor de informática, onde estão concentradas as equipes de desenvolvimento que fornecem software para o mercado de empresas usuárias, tivesse uma concentração maior de profissionais de desenvolvimento. No entanto, alguns setores aparecem como exceções. Por exemplo, o setor primário (agropecuária e mineração) é superado apenas pelas pessoas físicas, que são os desenvolvedores autônomos. No outro extremo, a indústria é a que apresenta o menor índice na relação entre desenvolvedores e profissionais de TI.

A interpretação mais provável destes dados é que a proporção entre desenvolvedores e profissionais de TI é inversamente proporcional à oferta de software pronto no mercado para o setor. A grande quantidade de sistemas de gestão empresarial disponíveis para a indústria permite que a maioria delas tenha poucos profissionais de desenvolvimento. Já no setor primário, a totalidade das empresas com equipes de desenvolvimento desenvolvem seus próprios sistemas comerciais. Este aparente consenso é resultado da inexistência da oferta de software que atenda as peculiaridades deste setor.

O número médio de sistemas operacionais e linguagens de programação em uso pelas equipes de desenvolvimento continua a diminuir, de forma lenta mas contínua. Esta tendência, iniciada ahá quase dois anos, mostra a preocupação gerencial com a simplificação dos ambientes. Nos últimos meses, muitos produtos destas categorias, considerados já obsoletos mas que ainda estavam em uso, tiveram quedas brutais na sua utilização. Por exemplo, o MS-DOS viu sua participação cair de 41 para 26% e o Windows 3.x de 26 para 14%. Isto nos mostra que finalmente os novos projetos visando sua substituição estão ficando prontos, implantados e testados.

Os dados analisados acima são apenas uma pequena parte do total disponível, mas são suficientes para deixar claro que este nicho de mercado está passando por grandes e profundas transformações.



* publicado originalmente na InformationWeek de julho de 2000

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