16 de setembro de 2007

ERP: a próxima onda - II


Na coluna anterior, expliquei que existem pelo menos 80 mil empresas com mais de trinta colaboradores que ainda não possuem ERP... daí o grande interesse dos players desse mercado pelo chamado SMB.
Nenhum grande player multinacional prestou atenção a este segmento até um ou dois anos atrás. Ou seja, durante uma década as empresas brasileiras de software tiveram uma 'reserva de mercado' informal neste setor. Entretanto, elas foram capazes de atingir menos de trinta por cento do mercado potencial.
A principal dificuldade chama-se 'preço'. Entretanto, o preço de um software de ERP é conseqüência do modelo de negócios escolhido pela empresa desenvolvedora de software.
Quando o próprio código-fonte é 'customizado' às necessidades de cada cliente (como acontece com a maioria quase unânime das soluções nacionais), o resultado é a necessidade de mais mão-de-obra por implementação, preço maior e capacidade de atendimento a um número menor de clientes.
A alternativa seria um produto, que pudesse ser implementado por profissionais de TI que não tem nem precisam acesso ao código-fonte, através de recursos de customização embutidos no próprio software.
Este tipo de software exige desenvolvedores com conhecimentos importantes em ciência da computação, mas a média nacional certamente está abaixo disto (um interpretador de fórmulas – considere as do Excel como exemplo – seria o nível mínimo de customização dos cálculos do ERP).
É esta a razão pela qual nenhuma empresa brasileira de software se converteu num player global (independentemente do tamanho). Mesmo as maiores empresas nacionais (Microsiga e Datasul), são relativamente pequenas no cenário global. A abertura de capital na Bolsa de Valores em busca de uma capitalização que permita comprar outras empresas é uma estratégia para ganhar escala rapidamente.
Entretanto, as estratégias de desenvolvimento de produtos destas empresas não mudaram: no caso da Microsiga, as empresas compradas continuam a existir e operar de forma independente (sinal da enorme dificuldade em eliminar o esforço de desenvolvimento comum).
Enquanto isso, os grandes players globais de ERP estão dando seus passos: Microsoft, Oracle e SAP já declararam seu 'apetite' por este mercado.




Publicado originalmente na Information Week de junho de 2006

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