7 de novembro de 2007

E sua empresa, programa?

Diz o discurso tecnológico que, conforme o mercado evoluir, a quantidade de empresas usuárias que precisam de manter seus próprios sistemas e equipes próprias de desenvolvimento deve diminuir. Afinal, conforme evolui a oferta de sistemas e softwares prontos, sua abrangência também aumenta.

A invasão do mercado pelos chamados sistemas de gestão empresarial (ERPs) e o surgimento de novos sistemas com novas STLs (você não conhece as siglas de três letras? SCM e CRM são algumas das mais recentes) só reforçam esta opinião.
No entanto, a realidade parece não estar acompa­nhando o discurso dos fornecedores. Procurei algumas informações sobre a questão nos dados que publicamos como parte do relatório BRASIL InfoCorp, publicação semestral da nossa empresa. Na última edição, publicada em abril, foram tabulados dados obtidos em pouco mais de quinhentas e cinqüenta empresas usuárias, isto é, empresas cujo atividade principal não é a informática. Por exemplo, entrevistamos 280 indústrias, cem empresas do setor financeiro e oitenta empresas de serviços. Estas empresas empregam quase 25.000 profissionais de informática, dos quais quase 11.000 atuam em desenvolvimento de sistemas, para uso interno nas próprias empresas.

A Figura 1 exibe a evolução da quantidade de linguagens de programação em uso por empresa ao longo dos dois últimos anos. Observe que o número de empresas que não usam nenhuma linguagem de programação está diminuindo lenta­mente (quando era de esperar o contrário).


Figura 1 – Linguagens de programação em uso por empresa


A Tabela 1 exibe as participações de mercado das linguagens de programação mais citadas. A coluna de título “%” indica a média pela amostra toda, enquanto as colunas restantes indicam a participação por faixa do mercado (os números citados como “de” e “a” indicam o número de profissionais por equipe).

A primeira observação é a enorme variação que diversas linguagens apresentam pelos vários portes de equipes. A segunda é a presença marcante de linguagens dadas como “mortas”: observe as fatias do Cobol nas grandes equipes e do Clipper ente as pequenas...


Tabela 1 – As Linguagens de Programação mais utilizadas


O número médio de linguagens por empresa é de 1,8. No entanto há uma grande variação também nesta média, conforme varia o tamanho da equipe: enquanto nas menores equipes a média é de 1,1, nas grandes ela chega a 2,6. Estes números podem ser interpretados de duas formas: de um lado, as grandes empresas possuem uma tendência bem maior a manter desenvolvimento próprio; de outro lado o uso menor de linguagens nas equipes menores pode indicar a substituição de sistemas desenvolvidos internamente por código adquirido no mercado.

No entanto, se esta segunda possibilidade fosse predominante, deveríamos detectar também um aumento significativo no número de empresas que não usam nenhuma linguagem de programação. Mas, os dados não indicam nesta direção.

Quais as razões que levam a manter equipes próprias de desenvolvimento de sistemas nas empresas? Envie sua opinião, expressarei a minha opinião na próxima coluna.


* publicado originalmente na InformationWeek de junho de 2000

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