Não, a bola de cristal eu não achei ainda... minha mesa está meio bagunçada, sabe? Mas a equipe editorial exige um novo exercício de futurologia a cada final de ano. Na conjuntura atual do mercado de TI, isso é cada vez mais difícil, porque vivemos num mercado cada vez mais maduro.
Parei pra pensar qual seria a maior notícia de 2006, em retrospectiva... a melhor resposta que achei é que finalmente a tecnologia da informação se transformou num tipo de 'commodity' acessível aos consumidores das classes sociais que não estão no topo da pirâmide social. Anúncios em pontos de ônibus vendem 'micros' completos por R$ 600,00. E dentro do ônibus, não causa mais estranheza nenhuma alguém atender o celular ou escutar música num MP3 Player (MP4 ainda não vi no ônibus).
Mas e no âmbito empresarial, que é o público desta revista, afinal? Perguntei ao Papai Noel (que é meu irmão mais velho – repararam na barba dele?), mas não obtive resposta satisfatória: ele me disse que muitos fornecedores de tecnologia apostaram nele neste fim de ano, mas sempre visando produtos para o consumidor final. Vendas de monitores LCD e de notebooks crescem mais de 100% ao ano, auxiliados pela redução das alíquotas de tributos. E a demanda reprimida é tão grande que até o Natal de 2007, não devemos ter uma desaceleração significativa.
Na outra ponta, procurei reler (acho que só o autor faz isso...) as previsões que fiz nos anos anteriores. E o resultado é frustrante: os grandes desafios dos fornecedores de tecnologia no mercado corporativo continuam os mesmos: o mercado SMB é o Santo Graal de muitos fornecedores há cinco anos. Mas o avanço deles neste mercado têm sido muito lento e prevejo que continuará sendo em 2007: os produtos 'light' (chamados de Express e/ou ONE) por alguns fornecedores, que em alguns casos chegam a ser fornecidos de forma gratuita, não conseguirão criar mudanças significativas de market share para ninguém.
Os novos modelos de comercialização de tecnologia, onde o cliente paga uma taxa mensal pelo uso, colheram os primeiros resultados. Prevejo, entretanto, que continuarão restritos ao mercado SMB, onde a principal motivação para o uso deste modelo é a necessidade de usar a tecnologia aliada à falta de capacidade de investimento. Nas empresas maiores, onde já existe uma área de TI com cultura arraigada, o temor de colocar os dados da empresa num local externo a ela, sob controle de terceiros, é o maior freio à evolução neste sentido.
Em relação ao software livre, 2006 passou sem grandes estardalhaços. A notícia mais importante sobre o assunto veio da Microsoft: o Windows 2003 agora possui componentes que lhe permitem interagir diretamente com servidores Linux. Cabem duas interpretações aqui: ou a gigante de Redmond se rendeu às evidências do mercado, ou ela está repetindo a estratégia 'embrace and extend' para invadir esse setor do mercado. Meu palpite é que estão tentando as duas coisas ao mesmo tempo: depois vão dizer que a estratégia deu certo!
Ao mesmo tempo, em 2007 a maior notícia em sistemas operacionais virá da Microsoft: salvo novos e grandes atrasos, finalmente Windows Vista deve chegar às prateleiras e às empresas. Dada a gigantesca redução do preço do hardware, em comparação com os custos dele na época do Windows XP, podemos esperar que o mercado corporativo vai adotar o Windows Vista numa velocidade maior do que a velocidade com que o Windows XP penetrou no mercado. Importante: isto não será apenas verdade se o Windows Vista trouxer reais benefícios às empresas. Faz tempo que não aparece uma chance como essa, para que as áreas de TI possam justificar novos investimentos. É o que revelam as primeiras pesquisas sobre a intenção de adoção do Windows Vista. De quebra, o caixa da Microsoft receberá um notável reforço.
No mercado de aplicativos, a disputa continua embolada: SAP, Oracle, Microsiga-Totvs e Datasul não conseguiram mudar suas posições de mercado significativamente em 2006 (exceto pela ampliação da base de clientes da Microsiga com a compra da RM). Prevejo que o mesmo acontecerá em 2007: a maior mudança no mercado de aplicativos virá de uma grande compra.
Fica patente que a consolidação do setor, com a aquisição e fusão de empresas, continuará a ser a maior fonte de notícias em 2007, para o mundo corporativo da TI.
Os grandes players tendem a ser cada vez mais parecidos: a HP adoraria ser uma IBM, onde a maior parte da receita vem de serviços; a Dell adoraria ser uma HP, que não vende apenas hardware (a divisão de serviços da Dell está recebendo investimentos significativos).
As redes de alianças que estas empresas vêm desenvolvendo a nível global e local, para dar atendimento à demanda de seus clientes, está demandando um número cada vez maior de profissionais de TI qualificados.
Até o momento, uma certificação profissional de qualquer fornecedor de tecnologia tem servido como passaporte para um bom emprego. O conhecimento fluente de idiomas estrangeiros (principalmente inglês, mas de forma crescente outros tambpem, como o espanhol, francês e alemão) passa a fazer parte das competências exigidas.
O resultado prático é que até na questão dos empregos, a área de TI se parece cada vez mais com o mercado como um todo: ao mesmo tempo que temos uma massa crescente de profissionais desempregados, está cada vez mais difícil preencher as vagas que exigem um número maior de competências (é só consultar os sites das grandes empresas de serviços, para concluir que há milhares de vagas em aberto de forma quase permanente). Um conselho para os profissionais: estude idiomas, se aperfeiçoe tecnica- e administrativamente. E mantenha-se na elite dos profissionais da TI.
O grande ausente em toda discussão acima... (a não ser na questão da redução de impostos sobre hardware) é, e prevejo que continuará sendo, o governo. O país continuará carente de um planejamento estratégico de longo prazo, sobre o papel que deseja no mundo tecnológico globalizado. Assim, continuaremos 'dançando' a mercê das decisões tomadas nas sedes das grandes empresas multinacionais de tecnologia... (ooops! Essa é velha!).
Então, seja lá qual for seu papel no mercado de TI, em 2007 busque seu nicho, sua especialidade, aperfeiçoe-a, e tenha muito sucesso!!
Parei pra pensar qual seria a maior notícia de 2006, em retrospectiva... a melhor resposta que achei é que finalmente a tecnologia da informação se transformou num tipo de 'commodity' acessível aos consumidores das classes sociais que não estão no topo da pirâmide social. Anúncios em pontos de ônibus vendem 'micros' completos por R$ 600,00. E dentro do ônibus, não causa mais estranheza nenhuma alguém atender o celular ou escutar música num MP3 Player (MP4 ainda não vi no ônibus).
Mas e no âmbito empresarial, que é o público desta revista, afinal? Perguntei ao Papai Noel (que é meu irmão mais velho – repararam na barba dele?), mas não obtive resposta satisfatória: ele me disse que muitos fornecedores de tecnologia apostaram nele neste fim de ano, mas sempre visando produtos para o consumidor final. Vendas de monitores LCD e de notebooks crescem mais de 100% ao ano, auxiliados pela redução das alíquotas de tributos. E a demanda reprimida é tão grande que até o Natal de 2007, não devemos ter uma desaceleração significativa.
Na outra ponta, procurei reler (acho que só o autor faz isso...) as previsões que fiz nos anos anteriores. E o resultado é frustrante: os grandes desafios dos fornecedores de tecnologia no mercado corporativo continuam os mesmos: o mercado SMB é o Santo Graal de muitos fornecedores há cinco anos. Mas o avanço deles neste mercado têm sido muito lento e prevejo que continuará sendo em 2007: os produtos 'light' (chamados de Express e/ou ONE) por alguns fornecedores, que em alguns casos chegam a ser fornecidos de forma gratuita, não conseguirão criar mudanças significativas de market share para ninguém.
Os novos modelos de comercialização de tecnologia, onde o cliente paga uma taxa mensal pelo uso, colheram os primeiros resultados. Prevejo, entretanto, que continuarão restritos ao mercado SMB, onde a principal motivação para o uso deste modelo é a necessidade de usar a tecnologia aliada à falta de capacidade de investimento. Nas empresas maiores, onde já existe uma área de TI com cultura arraigada, o temor de colocar os dados da empresa num local externo a ela, sob controle de terceiros, é o maior freio à evolução neste sentido.
Em relação ao software livre, 2006 passou sem grandes estardalhaços. A notícia mais importante sobre o assunto veio da Microsoft: o Windows 2003 agora possui componentes que lhe permitem interagir diretamente com servidores Linux. Cabem duas interpretações aqui: ou a gigante de Redmond se rendeu às evidências do mercado, ou ela está repetindo a estratégia 'embrace and extend' para invadir esse setor do mercado. Meu palpite é que estão tentando as duas coisas ao mesmo tempo: depois vão dizer que a estratégia deu certo!
Ao mesmo tempo, em 2007 a maior notícia em sistemas operacionais virá da Microsoft: salvo novos e grandes atrasos, finalmente Windows Vista deve chegar às prateleiras e às empresas. Dada a gigantesca redução do preço do hardware, em comparação com os custos dele na época do Windows XP, podemos esperar que o mercado corporativo vai adotar o Windows Vista numa velocidade maior do que a velocidade com que o Windows XP penetrou no mercado. Importante: isto não será apenas verdade se o Windows Vista trouxer reais benefícios às empresas. Faz tempo que não aparece uma chance como essa, para que as áreas de TI possam justificar novos investimentos. É o que revelam as primeiras pesquisas sobre a intenção de adoção do Windows Vista. De quebra, o caixa da Microsoft receberá um notável reforço.
No mercado de aplicativos, a disputa continua embolada: SAP, Oracle, Microsiga-Totvs e Datasul não conseguiram mudar suas posições de mercado significativamente em 2006 (exceto pela ampliação da base de clientes da Microsiga com a compra da RM). Prevejo que o mesmo acontecerá em 2007: a maior mudança no mercado de aplicativos virá de uma grande compra.
Fica patente que a consolidação do setor, com a aquisição e fusão de empresas, continuará a ser a maior fonte de notícias em 2007, para o mundo corporativo da TI.
Os grandes players tendem a ser cada vez mais parecidos: a HP adoraria ser uma IBM, onde a maior parte da receita vem de serviços; a Dell adoraria ser uma HP, que não vende apenas hardware (a divisão de serviços da Dell está recebendo investimentos significativos).
As redes de alianças que estas empresas vêm desenvolvendo a nível global e local, para dar atendimento à demanda de seus clientes, está demandando um número cada vez maior de profissionais de TI qualificados.
Até o momento, uma certificação profissional de qualquer fornecedor de tecnologia tem servido como passaporte para um bom emprego. O conhecimento fluente de idiomas estrangeiros (principalmente inglês, mas de forma crescente outros tambpem, como o espanhol, francês e alemão) passa a fazer parte das competências exigidas.
O resultado prático é que até na questão dos empregos, a área de TI se parece cada vez mais com o mercado como um todo: ao mesmo tempo que temos uma massa crescente de profissionais desempregados, está cada vez mais difícil preencher as vagas que exigem um número maior de competências (é só consultar os sites das grandes empresas de serviços, para concluir que há milhares de vagas em aberto de forma quase permanente). Um conselho para os profissionais: estude idiomas, se aperfeiçoe tecnica- e administrativamente. E mantenha-se na elite dos profissionais da TI.
O grande ausente em toda discussão acima... (a não ser na questão da redução de impostos sobre hardware) é, e prevejo que continuará sendo, o governo. O país continuará carente de um planejamento estratégico de longo prazo, sobre o papel que deseja no mundo tecnológico globalizado. Assim, continuaremos 'dançando' a mercê das decisões tomadas nas sedes das grandes empresas multinacionais de tecnologia... (ooops! Essa é velha!).
Então, seja lá qual for seu papel no mercado de TI, em 2007 busque seu nicho, sua especialidade, aperfeiçoe-a, e tenha muito sucesso!!
Este artigo foi publicado originalmente na Information Week de novembro de 2006
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