16 de setembro de 2007

ERP: a próxima onda - I


Logo após a virada do milênio, era comum ouvirmos que o mercado de ERP já estava "saturado". De forma provocativa, sempre afirmei, tanto em mesas de happy-hour quanto em palestras, que o mercado de ERP só estará realmente saturado quando cada feirante do nosso país tiver um sistema de gestão para controlar a operação de sua barraca.
Obviamente, ainda estamos muito longe deste nível de informatização das empresas (pior, estamos ainda muito longe da formalização de muitos feirantes como empresas!).
Política à parte, a tecnologia necessária está totalmente disponível: qualquer celular ou PDA de última geração, que permite navegar na Web, pode acessar um sistema de gestão disponibilizado no formato ASP. ERPs de grandes e médias empresas são muito mais complexos que os de feirantes. E o acesso à Internet a partir da feira está disponível.
Quantos feirantes possuem um sistema de gestão? Vou além: quantas empresas com trinta funcionários possuem um ERP?
De acordo com os dados estatísticos que o IBGE compila a partir das declarações de Imposto de Renda das empresas (ou seja, os informais, sonegadores, clandestinos e outras "cores" excluídas), existem no Brasil perto de 120 mil empresas com trinta ou mais colaboradores (sim, até o IBGE já abandonou a CLT em suas estatísticas).
De outro lado, quantos clientes possuem as empresas fornecedoras de ERP, nacionais e estrangeiras, que operam no país? Mesmo que acreditemos piamente nos números divulgados pelos seus departamentos de marketing, somando os clientes de todos esses fornecedores chegamos a um número próximo a 35 mil empresas. Ou seja: há pelo menos 80 mil empresas com mais de trinta colaboradores aguardando por um ERP...
O problema? Muito simples: preço. Um feirante talvez pagaria quarenta reais por mês; uma empresa com cinqüenta funcionários, uns mil reais mensais pelo seu ERP. Mas, qual o fornecedor que se dispõe a implantar e manter um ERP por esses preços? Em larga escala?
Aquele fornecedor que conseguir certamente levará uma parcela significativa desse mercado: 20 mil empresas pequenas pagando mil reais ao mês representam um faturamento de 200 milhões de reais ao ano. E há muitas mais... por isso os fornecedores estão se movimentando na direção desse mercado.






Publicado originalmente na Information Week de maio de 2006

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